Coisas da vida



Hoje aconteceu-me algo estranho, desconfortável até. Regressei recentemente ao meu CREDO natal, tendo sido dos poucos elementos do meu grupo da adolescência a fazê-lo. Agora, tudo me parece um pouco menor, sem graça, as ruas, os prédios, as pessoas. Sei que, em parte, é por falta dos meus amigos, das pessoas maravilhosamente loucas que conheço, e da (tão apreciada) liberdade da cidade grande.

Estou habituada a não reconhecer a maioria das pessoas na rua, e as que reconheço sempre me foram distantes. Hoje vi meu primeiro namorado. "O" namorado do liceu, o do primeiro beijo quase a medo, por detrás de um aparelho de dentes, o das matinés no cinema sem ver o filme, o das horas ao telefone.

Cruzamos os olhos e vi que me reconheceu, tal como eu o reconheci a ele. Por vezes, nestas situações, tento assobiar para o lado e penso que estou muito diferente, irreconhecível, mas é uma parvoíce! Claro que me reconheceu.

Não dissemos nada. Não sorrimos. Já lá vai muito tempo, somos desconhecidos. Mas, a minha verdadeira vontade era dizer-lhe que foi uma pessoa muito especial e desejar-lhe tudo de bom. Do coração.

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