O desafio musical

A Nani, que é uma gaja tão porreira que aposto que também acorda com as manhãs da 3, desafiou-me a escolher seis músicas que tenham sido importantes no meu passado. Tarefa árdua esta, mas cá vai:

"Eu vi um sapo", Maria Armanda

O LP da vencedora da edição de 1980 do Zecchino d´Oro foi o meu primeiro disco, era eu ainda uma caganita, como diz a Leonor. No lado B tinha a versão italiana, ou seja, o "Ho visto un rospo". Estou velha, é o que é....

"Eternal Flame", Bangles

Esta música ultra-romântica e glico-doce foi a banda sonora para o meu primeiro grande amor, bem no início da adolescência. Tinha-a gravada numa cassete que tocava vezes sem conta no rádio leitor-de-cassestes, por sinal uma "salgadeira" daquelas do break dance (lembram-se?), prenda dos tios lá das américas.

"Shiny Happy People", R.E.M.

Esta música alegre e colorida inundava-me de pura felicidade, e quando a ouvia apetecia-me saltitar por todo o lado e amar muito a vida e o mundo. Acima de tudo, adorava a Kate Pierson (dos B'52), e sabia imitá-la na perfeição! Esta música lembra-me o grupo dos últimos anos do liceu (o primeiro e último a que pertenci!), eramos miúdos assim tipo betos-rurais, até porreirinhos mas muito alienados das realidades do mundo... shiny happy people, portanto.

"Ziggy Stardust", David Bowie (o grande!)

Após o inevitável confronto com o mundo real, veio um período de insegurança e de procura de identidade pessoal. No meu caso, esta moratória psicossocial ainda se esticou um bocado devido à complexidade da minha personalidade... De entre outras, esta música especialmente foi marcante por conseguir encarniçar, como nenhuma, o meu sentimento de inadaptação e de isolamento. Masoquismos da idade, mas (lá está!) o que não nos mata...

"Anarchy in the UK", dos Sex Pistols

Foi nesta mesma altura que descobri o punk e me identifiquei com o seu ritmo, mais do que com a filosofia, mesmo em pleno boom do grunge (drogadinhos, desgraçadinhos e queixinhas? uns chatos!). A agressividade era libertadora e eu queria muito deixar de ser a menina perfeita que dizia sim a tudo, além de que o meu "mundo" já não era o que costumava ser. Nã, eu agora era uma punk rock girl!!! Só que assim em versão mais soft.

"So get up", Underground Sound of Lisbon
E foi então que me cruzei com o som electrónico, dançante e frívolo, e conclui que nem só de sentimentos e ideais vive a música, e se concentrassemos a nossa energia apenas no corpo e na dança, a experiência era bem revigorante. Esta música era o hit da primeira rave party a que fui, daquelas à antiga, ainda o extasy não tinha chegado à província. Hoje, o electropop e o lounge são dos sons que com os quais mais me identifico.

Possa, este desafio bem podia intitular-se qualquer coisa do tipo "Celeste: da infância à maturidade - musicalidade de um percurso de vida." Que tal, hã?!

No entanto, muitas mais músicas me marcaram, e outras tantas estão para vir, estou certa. Mas se eram só seis, esta foi a escolha possível.

Vou passar o desafio a seis pessoas, ok? Tcharaaan:

Rocky (quando voltares)
Leonor (gosto sempre da tua originalidade)
Francisco (bora lá mestre urubutu)
Paula (a mulher que não se nega a um desafio)
Angela (como voltaste, toca a responder!)
Sofia (uma artista sensível)

Nota de Redacção: Ah... e Hydra, tu só te safas porque eu sei que já respondeste a este desafio em tempos pré-Celeste, e com uma originalidade hydragírica :)

Comentários

Nani disse…
"Eternal Flame" já não me lembro de ouvir esta música.
Grande escolha!!

ps- Claro que a Antena 3 é o meu despertador!!! ;)
Anónimo disse…
Ó pá! Fico comovida e orgulhosa sempre que me lanças estes desafios porque acho-te invulgar e inteligente... Vou tratar disso e já digo qualquer coisa. É que o domingo está de cores que convidam a fugir para a rua :)
Beijinhos
Anónimo disse…
Cá estou eu para responder ao teu desafio, C-girl! Como verás, não sou nada erudita e aviso que, como é óbvio, muita coisa ficou de fora.

Seis músicas que influenciaram a minha vida e das quais GOSTO (e o meu pai odeia):

"Killing An Arab" (The Cure) - Politicamente incorrecta e capaz de provocar Intifadas nos dias que correm, aos 15 anos fez-me ver que os The Cure não se resumiam apenas ao delico-doce e fácil de ouvir, "Boys Don't Cry". Gosto da maldade implícita na guitarra desta canção.

"Comfortably Numb" (Pink Floyd) - Ouvi-a pela primeira vez com 16 anos e foi como se se abrisse uma porta no meu cérebro e na minha maneira de ouvir música. Ainda hoje, quando oiço os seus primeiros acordes, é como se entrasse noutra dimensão, a pairar no ar.

"Sweet Jane" (Velvet Underground) - Tinha 16 anos e, por causa dos sons que o Lou Reed faz no final, quando ouvi esta música tive a certeza de que o sexo devia ser uma coisa mesmo muito boa.

"You're Crazy", versão do álbum Appetite for Destruction (Guns N' Roses) - Ouvi-a pela primeira vez com 18 anos e, do álbum inteiro, foi a música de que mais gostei. Fez-me descobrir o gosto por sons fortes, crus e, por vezes, perturbados.

"Rammstein" (Rammstein) - É o género de música que me ordena os pensamentos e me ajuda em momentos de crise. Influenciou a minha vida porque reforçou o meu gosto por música mais pesada e escura.

"U-Mass" (The Pixies) - Toda a música dos Pixies influenciou a minha vida - a ponto de eu acabar com um namorado porque o palerma teve o desplante de me dizer que eles eram "um atentado à música"! Esta canção, em particular, espelhava toda a descoberta, rebeldia e maravilha que foram os meus 19 anos, passados a estudar (cof.. cof...) longe de casa dos pais e a partilhar um apartamento com dois rapazes.

E seis músicas que influenciaram a minha vida e das quais NÃO GOSTO:

"Final countdown" (Europe);
"Illusion" (Imagination);
"Last Christmas" (Wham!);
"You're my heart, you're my soul" (Modern Talking)

Todas porque eu estava numa idade altamente influenciável (início da adolescência) e, apesar de estarem na berra e nos TOPs, fizeram-me perceber várias coisas:

1 - Só porque a maioria gosta, não quer dizer que seja bom;
2 - Música Pop não é a minha onda;
3 - Não basta usar o cabelo comprido e eriçado, calças de cabedal justinhas e pulseiras de rebites para se ser "tough" e rebelde;
4 - Não é normal um homem usar lip gloss.

"Pássaros do Sul" (Mafalda Veiga) e "Pó de arroz" (Carlos Paião) - Reforçaram a minha noção de que os nhonhós me dão vómitos. Acredito veementemente que também me fizeram detestar coisas como o "LOL" ou usar diminutivos para falar de comida (queijinho, pãozinho etc.). Penso que também são responsáveis por eu não conseguir segurar bebés sem um manual de instruções.

Desculpa lá esta resposta tão loooooooonnnnnga...

Beijinhos!
Fases como a Lua disse…
Obrigada por não me incluires nesse desafio! Sou um bocadiiiinho preguicosa para pensar nesse tipo de coisas (bem, não só nesse... tu sabes.) :P
Voltar ao ano de mil nove oitenta e coiso ia custar... :)
Hydrargirum disse…
Ufa....lol

Eu a ler o teu post...a ler as tuas escolhas...e a pensar..."queres ver que...."..."Ela vai-me escolher..."..

E qd chego ao fim, leio a nota de redação...e quase que fiz um "plier" de felicidade!lol:):):)

Obrigado pelas tuas palavras amáveis Celeste:)

Jinhos:)
Ruca! disse…
david bowie e sex pistols, sim senhora.

esse som do 'so get up', que clássico do puntzpuntzpuntz.

e a maria armanda coitada, onde andará?

xau*
Francisco disse…
Atrasado, mas já respondi ao desafio :P

Bjs.
W. C. Fields disse…
Eh pá, o que eu adoro este tipo de coisas. Sério, sou a sorte grande dos tipos que fazem inquéritos na rua e pelo telefone. Mas é um desafio difícil, tanta é a música que nos acompanha. Gostei da tua selecção. O nosso ponto de contacto são os Pistols, qe vi despontarem, e que viram despontar os bicos do meu cabelo, então viçoso. Nem precisava de lhe meter bagaço, como era habitual na rapaziada punk de então.
W. C. Fields disse…
Já meti no estaminé:

1 - Maria Rita, Duo Ouro Negro
2 - Samba Pa Ti, Santana
3 - Bring On The Night, The Police
4 - The Equalizer, The Clash
5 - Razor Blade Alley, Madness
6 - Is This Love?, Bob Marley

Não meti, por exemplo, os Tabanka Jazz, mas tudo o que lá está tem África.

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