Ai ca nervos!


Loja do cidadão da cidade cá do Credo, 19:00h. Depois de acelerar para encontar o estaminé aberto, depois de um longo dia que começou numa tipografia, seguindo-se uma imobiliária e ainda duas escolas diferentes, uma Celeste afogueada tentava renovar o seu bilhete de identificação de cidadão nacional (pois que remédio, se não há outro!).

Depois de tirar a respectiva senhinha, lá espero impacientemente a minha vez. Grande algazarra entre o mulherio que está no atendimento e o que está a ser atendido, mas entendo que deverá ser por causa de um velhinho com o qual me cruzei no andar superior (lá se devem ter esquecido de mudar o estado civil quando a esposa faleceu, para aí há vinte anos, como aconteceu à minha tia Ceú!) e relevo, aguçando a paciência.

De repente, uma das atendedeiras dirige-se ao público em geral:
Atendedeira 1: "Quem está a seguir?"
E, perante o meu ar intrigado com a simplicidade do seu método de atendimento, ainda por cima face às máquinas tecnologicamente avançadíssimas e cheias de ecrãs que se encontarvam ainda plastificadas a um canto, retorquiu:
Atendedeira 1: "E a senhora é para quê?!"
Celeste :" Para renovar."
Atendedeira 1: "Ai, então tem que comprar um impresso. Já comprou?!"
Celeste: "Impresso? Não... onde posso comprá-lo?"
Atendedeira 1: "Tem que tirar uma senhinha ali além!"
Celeste: #"$%/&%&$& - entredentes e tal, mas as trombas não deram para enfiar dentro dos dentes! Sim, porque na dita máquina não vinha nenhuma opção impressos... e ainda por cima, pareceu-me que me estavam a passar à frente. Humpf! "Já me podiam ter dito, que tristeza!"

Lá tirei a outra senha, e dirigi-me a uma outra atendedeira a mando da primeira. Esta segunda atendedeira pública estava numa amena cavaqueira com uma senhora de meia idade, assim com uma cor de cabelo bem gira que até me chamou a atenção. Olhou para mim, e eu para ela, e lá continuou sentadinha na sua cadeirinha. Estive vai e não vai para me sentar ao seu lado, mas lá achei melhor não.

Senhora do cabelo com a cor gira: "Pois... mas o divórcio não foi cá. Foi no Porto."
Atendedeira 2: "Foi no Porto?"
Senhora do cabelo com a cor gira: "Sim, foi no Porto. Então e agora não há problema com blá, blá, blá?" - muy calmamente...
Atendedeira 2: "Não, não deve haver. Mas agora temos que aguardar, não podemos fazer nada por enquanto." - com um ar de Eduardo Sá discursando sobre a relação objectal.

Enquanto isto, a Celeste ali estava, tipo emplastro, querendo apenas comprar uma merda dum impresso para correr para a colega atendedeira e renovar o seu cartão de identificação de (explorado, pobretanas e mal atendido) cidadão nacional. Enquanto isto, o tempo passava, e era o único dia da semana em que poderia dar-me ao luxo de lá ir, estando o dito cartãozito a caducar. Falavam pelos tanoys, "ai e tal, já nem damos mais senhas".

E os olhos a arderem porque precisava de tirar as lentes de contacto, e os saltinhos das botas mailindas a chatearem... e aquelas tipas a pastar, marimbando-se para o emplasto. Continuavam:
Senhora do cabelo com a cor gira: "Pois... que chatisse... e blá, blá?" - cara de pau, merecia era que eu sacasse do isqueiro e... aiiii!
Atendedeira 2: "É... mas aguarda-se." - carinha à la Eduardo de Sá. Grandessíssima funcionária pública!

Lá me controlei por duas vezes, tendo decidido aguadar pelo final da amena cavaqueira. Contudo, à terceira não agueitei mais:
Celeste: "Olhe, eu queria um impresso, se faz favor."
Atendedeira 2: "Desculpe, mas tem que aguardar pela sua vez que agora estou a atender esta senhora." - com cara de cé-a-mim-não-me-podem-despedir-toma-lá! Virou-se para a senhora do cabelo mais-ou-menos, e disse outro "Pois", porque aquilo NITIDAMENTE já nem havia assunto!

A LATA!!! A atender? Conversinha de café, troca de receitas, psicanálise, ainda vá! Agora atender? O assunto, fosse ele qual fosse, já estava resolvido quando lá cheguei. Estavam bem sentadinhas, era o que era, e trabalhar faz calo.

Lá tive que engolir e calar, e ainda por cima não pude renovar porque eram precisas duas fotografias e eu só tinha uma. E, no estado em que já estava (Ai, grrrrr!) achei por bem vir-me embora, antes que decarregasse na desgraçada da máquina das fotografias.

De qualquer forma, tomei duas decisões:

1 - É melhor renovar o B.I. na minha cidade, que as pessoas (e pasme-se, até as atendedeiras públicas!) são mais civilizadas e eficientes;

2 - Da próxima vez, dou o grito de Ipiranga contra a educação castradora e peço o livro de reclamações. Até posso não ter razão, mas o cartãozinho de identificação de cidadão nacional diz que tenho o direito de fazê-lo. Olarilas!



Comentários

Fases como a Lua disse…
Só por causa das merdas (para não dizer coisas), já fiz duas reclamações no livrinho...
Sofia Feliz disse…
Pois, é o que mais me revolta!!!

Quem é que avalia esses funcionários públicos da treta? Ninguém!

Já os professores, que tiraram cursos, parece que têm que andar sempre a dar provas da competência...

É a #%&#@ de país que temos! :(
paulo disse…
Ai essas atendedeiras, Celeste! Devias ter-te mesmo sentado ao lado da senhor do cabelo com a cor gira e ficado a olhar para elas como se as conhecesses. O efeito era com certeza fantástico! Que paciência tiveste!
Amiga, livro de reclamações, sempre., já e em todas as situações semelhantes!
Abraço e cuidado com os nervos!
Denise disse…
Ó Celeste, mas com ceonseguiste tu aguentar tudo isso? Não há picologia que aguente! Da próxima vez não te coíbas, faz-me esse favor, sim?
Anónimo disse…
Minha querida Celeste,

o livrinho existe para ser usado. Podes não ver os resultados imediatos esperados (tipo, a aniquilação total e definitiva dessa espécie de ditos funcionários, que tudo fazem menos funcionar), mas que te faz bem à alma, lá isso faz. Eu já devo ter cadastro de tanta reclamação feita (vá, talvez ainda não chegue à dezena, mas ando lá perto), e acredito que em todas as ocasiões tive a razão do meu lado. E olha que até me considero razoável...

A C. do Lolas

Beijos
Esoj disse…
Eu tenho medo de pedir o livro não vá acontecer o que aconteceu à outra que foi processada e condenada por difamação.
A propósito, reparaste se a fila para tratar de alterações à carta de condução andava bem? Talvez vá ai tratar da alteração de morada. É que aqui na capital do império, das duas vezes que fui à dita Loja, só estavam a distribuir senhas para a venda de impressos e da 1ª vez esperei mais de uma hora para me os venderem.
Mr. Peter disse…
Nunca tive razão para pedir "O Livro" mas quando achar que é merecido mem penso duas vezes.
vincent vega disse…
pois é, já fiz a experiência e é prefrivel esperar mais uns dias e tratar dessas coisas aqui na pequena cidade de provincia.
Ju disse…
Eu já perdi a conta das vezes que pedi esse livrinho :)
Até no Macdonals...
Se há coisas que prezo nesta vida, a boa educação é uma delas, e o ser bem servido/atendido é outra.
Não hesito...
Aliás ele existe para isso.
A atendedeira, tinha levado com um suspiro aqui da Ju que a despenteava logo, e depois o meu olhar 46 acelerava-a que era um instante.
B.Ju
Unknown disse…
Ai credo Celeste, até fiquei agitado e enervado com esta descrição....eu tinha desatado aos gritos e tinha feito queixa!!!!

Quando o meu BI caducar, não o renovo...Gonna go underground e ser da resistência:)))

Fico feliz de te ver en route com trabalho:))))

Mil jinhos:)
Esoj disse…
Hoje tirei a tarde para tratar de assuntos burrocráticos da familia e tive de adiar tudo para segunda-feira. Ia-me caindo o resto do cabelo, fonix!
Angelo disse…
Eu nem ia esperar pela proxima vez!!! Ja havia reclamacao, sem duvida!

E as botas sao mesmo giras?
Tozé Franco disse…
Gostei do termo atendedeira.
Até parece que fazem um favor em atender-nos. O simple pedido do livro de reclamações teria resolvido a questão.
Anónimo disse…
HAHA! Este post está um show! A fotografia é perfeita :D Beijos e Xanax virtuais
Paula disse…
Realmente, este pessoal acha que os outros têm é de comer e calar.
Para a próxima, pede logo o livro de reclamações. É o melhor!
:)
Bjs!
Celeste disse…
Obrigada a todos pelas palavras de apoio.

Está decidido então, da próxima vez livrinho! :D

Beiji***

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