Coisas (giras) da escola

Ou como transformar um dia de cão num dia bonzinho


Ando cheia de trabalho (sim, daí a ausência!) e ainda estou em formação aos sábados, o que acrescido da minha incapacidade em deitar-me cedo, faz com que o cansaço (e o stress, por quem sois!) se esteja a acumular gradualmente. O tempo que disponho para mim e para as minhas coisas é escasso, e o que me vai valendo é gostar mesmo, mas mesmo, do que faço.

Pá, mas a maltinha ajuda! Posso aqui dizer que, embora não seja professora e trabalhe em condições mais facilitadas e com crianças especiais, estes dão-me muitas alegrias.

Um exemplo disso ocorreu hoje na sala de informática, enquanto monitorizava um grupo desses meninos especiais a pedido do professor de apoio, os quais conheço vai para três anos (dão uma pulada!).

Episódio 1:
Celeste: " -blá, blá, não sei queridinho..."
F.: " -Que sorte, ó Z., a stora até já te chama queridinho e tudo!"
Z.: " -Oh, sempre chamou. Já antes chamava. - referindo-se a quando o conheci, ainda na escola do 1º ciclo, quando fazia um estágio profissonal noutra instituição.
F.: " -Poça... a minha mãe, que é minha mãe, nunca me falou assim. Quando me chama é sempre a berrar, óóóó FFFFFF! Nunca me chama assim. - e o F. evidencia uma cara de verdadeiro espanto. Faço o apontamento mental de o tratar com carinho, agora que ele está mais extrovertido e que iremos trabalhar juntos.

Até à data, nunca trabalhei directamente com esta criança, mas conheço bem a sua história. Dela só posso dizer que seria digna de um noticiário em horário nobre, tal como (estou certa!) muitas outras neste país. O seu reparo deixa-me um sabor agre-e-doce na alma. Se, por um lado, a falta de afecto assim verbalizada não deixa de impressionar, mesmo a mim, que conheço as suas (sobre)vivências, revela igualmente a importância que pode ter uma palavra, uma atenção especial para esta criança. O quanto estará nas minhas mãos fazê-la sentir-se respeitada e amada, no sentido biblico da palavra. A verdade é que nós, educadores, podemos literalmente, mudar vidas.

Episódio 2:
Z.: " -Ó stora, você é a mais bonita cá da escola. Não é F., a stora é a mais bonita da escola!"
F.: " -É, é a mais bonita!"
Celeste: " -Oh... também é uma escola pequena, é por isso!" - ligeiramente embaraçada mas feliz (yéééé!). É humano, ora essa!
Z.: " -Pequeeeena?! Uiiii!!! Não é nadaaaa pequena!"
F.: " -Não é nada, é grande." - tadinhas destas alminhas, cujo mundo se restringe a uns meros 30 km quadrados. E, no caso do Z., à escola e a 15 ovelhas.



Acredito nos miúdos e na nova geração. E esta música aqui ao lado representa bem essa minha num novo mundo e nova nova era, uma era de amor, respeito, igualdade e fraternidade. E, se eu puder contibuir um bocadinho para isso, serei uma pessoa muito mais feliz.

Comentários

Mr. Peter disse…
Que máximo. LOL. É sempre bom receber elogios deste tipo:)
vincent vega disse…
sempre achei que não existem crianças. existem pessoas pequeninas. e que devia ser proibido existirem pessoas pequeninas tristes. é que que quando ficam pessoas grandes, continuam tristes e fazem os outros tristes também.
Celeste disse…
Tom,
Sim, sabe muito bem, embora sejam uns exagerados! :D

Beiji**
PS: As crianças (e nós, aliás!) acham muito mais bonitas as pessoas com quem simpatizam. :)
Celeste disse…
Vega,
E tens toda a razão, é mesmo assim que acontece. Eu cá vou dedicar-me sempre a tentar fazê-las um pouco mais felizes, e como tal melhores cidadãos e seres humanos no futuro.

É um grande emprego ou quê?! :D

Um abraço
Francisco disse…
Grande emprego mesmo :D

Força nisso.
vincent vega disse…
porra celeste. assim fico com ciumes. então o tom tem direito a beijinho e eu a abraço???
não te preocupes que a patroa não leva a mal. :)

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