Era um buraquinho para me enfiar, se faz favor....

Há uns dias, fui supreendida por um telefonema de uma colega a saber da minha disponibilidade para a substituir num gabinete na minha cidade, durante a sua licença de parto. Como somos da mesma área, o meu nome foi-lhe sugerido pelo meu tio M., o nosso mestre em comum, e trata-se de substituir as suas consultas no P&C, que é, nem mais nem menos, o topo de gama dos gabinetes de Psicologia e Reabilitação para crianças na zona centro - na minha modesta opinião.

Fiquei muito contente porque seria uma oportunidade para aprender mais, uma vez que toda a gente que ali trabalha está ligada à universidade e portanto, a par de todas as inovações científicas. E o dinheiro também daria jeito, claro... Depois de ter levantado a questão de não me poder colectar em nome individual , blá, blá... por causa da empresa, blá, blá, a F. disse para lhe enviar o currículo que depois marcariamos uma reunião com a directora clínica para Janeiro. E assim foi.

Estive uns dias ausente (cabeleireiro, médico, jantar de Natal), e ontem por esta hora regressei à net e tratei logo de me pôr a par das novidades por aqui e pelos blogs que costumo visitar. E entretanto, compuz um e-mail cuidadosamente escrito, com umas palavrinhas caras e onde elogiava largamente o P&C e a qualidade do trabalho dos técnicos que lá trabalham, blá, blá, blá caro... e congratulava-a (muito honestamente) por esta nova e maravilhosa etapa da vida, ser mãe.

Sobre a F. tenho que dizer que é alguém que não conheço muito bem, mas é investigadora na faculdade e, portanto, apesar do ar meio hippie, aposto que não passou o curso a procastinar e a conviver como eu! É uma pessoa bem mais formal socialmente, embora na intimidade possa ser divertida, não faço a mínima... e até tinha ideia, pelas vezes que trabalhámos juntas numa associação da qual ambas eramos colaboradoras, que ela não apreciava por aí além este meu jeito de ser expansivo, caloroso e colorido, que por vezes é (a nível profissional erradamente, devo dizê-lo!) confundido com irresponsabilidade. E acima de tudo, penso que desconfiava do meu lado consumista e fashion-victim, ainda que ligeiro, que lhe deve parecer muito pouco científico.

Mas como o meu tio M., O Mestre, me indicou, lá lhe enviou a Celeste o e-mail. Um pouco depois, estava eu entretidinha a respoder aos vossos comentários, recebo uma sms. De Natal, penso eu. Não, da F. : "Atenção C., falta o anexo."... ou seja, o currículo!

Fiquei para morrer, depois de um texto tão bem elaborado, isto! Enfim, agora é que ninguém me tira a etiqueta de irresponsável para esta moça, e provavelmente lá se vai uma óptima oportunidade.

Acontece, não é? E aos melhores, eu sei. Mas ontem estive quase para me auto-mutilar. Whatever...